quarta-feira, 2 de abril de 2008

WEB 2.0 E A IMPORTÂNCIA DA COLABORAÇÃO ONLINE NA APRENDIZAGEM

*Palestra proferida na mesa redonda do II Encontro Humano-Computador promovido pela FAFIRE
Carol Pontes*

Com a inserção e disseminação dos computadores no dia-a-dia de educandos e professores torna-se cada vez mais indispensável refletir sobre o impacto, bem como sobre os possíveis ajustamentos decorrentes dos novos modos de agir e conviver proporcionados pela informática aplicada à educação.

O que freqüentemente se observa é que os discursos que se referem às pessoas e serviços que ainda não recorrem a tais tecnologias geralmente tratam a questão ou do ponto de vista da resistência ou do ponto de vista da exclusão.

Mas simplesmente trazer máquinas e equipamentos de informática para dentro da escola não é uma solução mágica. Oferecer cursos e treinamentos aos professores, assim como disponibilizar dispositivos multimídia nas instituições de ensino não garante o uso em benefício à melhoria do processo de ensino e aprendizagem. O que se observa muitas vezes, tanto em instituições públicas quanto privadas, é uma “inovação conservadora” da informática aplicada à educação que, conforme propõe Cysneiros (1999), caracteriza-se

(...) quando uma ferramenta cara é utilizada para realizar tarefas que poderiam ser feitas, de modo satisfatório, por equipamentos mais simples (atualmente, usos do computador para tarefas que poderiam ser feitas por gravadores, retroprojetores, copiadoras, livros, até mesmo lápis e papel). São aplicações da tecnologia que não exploram os recursos únicos da ferramenta e não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do aluno, aparentando mudanças substantivas, quando na realidade apenas mudam-se as aparências. (p. 15 – 16)

Nesse sentido, a presença de tecnologia na escola precisa estar integrada à reflexão e à sugestão de alternativas relacionadas às diferentes maneiras de ensinar e aprender, de modo que pessoas, instituições, serviços e produtos possam se beneficiar com tais tecnologias, viabilizando a criatividade e o surgimento do novo. (Cysneiros, 1999)

Uma alternativa face à referida problemática seria propor e desenvolver projetos que utilizem recursos da Web 2.0, tais como se observa nas iniciativas que recorrem ao uso de wikis e blogs para construção do conhecimento, uma vez que tal tecnologia viabiliza não apenas a transmissão de informações, como tradicionalmente se observa em alguns ambientes virtuais, mas de modo muito mais significativo, contribui com a cultura de divulgar e debater idéias, na qual os educandos tornam-se autores da própria aprendizagem, participando da formação, transformação e troca de conhecimentos.

Nesse espaço de fluxos digital, os papéis são situacionais e as interações dinâmicas, possibilitando a transformação do ambiente que se torna modelado pelo uso. Nesse caso, observa-se a possibilidade de um acompanhamento do desenvolvimento da atividade pelo professor, que terá a oportunidade de verificar como os participantes constroem textos, pesquisam, opinam e se comunicam uns com os outros ao simultaneamente se engajar nas discussões.

Desse modo, tais participantes passam a integrar uma rede social digital de comunicação que tanto pode agregar valores à instituição em relação a qual a atividade está vinculada, como também aos demais educandos que se utilizem do material disponibilizado pelo grupo, já que o conhecimento construído pode chegar a transpor os muros da instituição, fomentando discussões entre diversos interlocutores geograficamente dispersos, mas comunicativamente próximos em relação a um eixo temático comum.

Ao se propor e desenvolver projetos que recorram a Web 2.0, torna-se indispensável adequar e utilizar tal tecnologia e as ferramentas que a compõem, tendo em vista o público alvo e os objetivos almejados, de modo que essas ferramentas se caracterizem como um suporte vantajoso às ações dos participantes que estarão engajados num processo de ensino e aprendizagem eficaz e eficiente.

Portanto, a Web 2.0, assim como todos os recursos relacionados a esta, trata-se de uma oportunidade que, como qualquer outra, pode ser bem utilizada ou não. Cabe então aqui ressaltar que, nessa perspectiva de ensino e aprendizagem, os diversos protagonistas envolvidos na produção do conhecimento socialmente construído NÃO estarão comprometidos com aspectos unilaterais, tais como apenas receber ou transmitir informações.

A proposta é que esses protagonistas assumam e negociem seus diferentes pontos de vista e, de modo criativo e criador, estejam engajados na tarefa de construir e usar o conhecimento por meio da reflexão crítica, da modificação e da sugestão de propostas alternativas que levem em consideração não apenas as demandas pessoais mas, sobretudo, os anseios da sociedade.


Referência Bibliográfica

CYSNEIROS, P. G. (1999). Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora? Informática Educativa. UNIANDES – LIDIE, vol. 12, nº 01, pp. 11 – 24.